‌‌‌‌O que é clorofila?

A clorofila é o pigmento verde das plantas que se encontra nos cloroplastos das células vegetais, compartimentos onde a luz se converte em energia química por um processo conhecido como fotossíntese. Como a molécula de clorofila é essencial para que ocorra a fotossíntese, todas as formas de vida neste planeta acabam dependendo desse pigmento verde.

A clorofila é recomendada como um suplemento alimentar por sua capacidade de promover uma limpeza interna e detoxificação. E, uma vez que há uma forte ligação entre a saúde intestinal e uma pele saudável e com aspecto radiante, a clorofila se tornou um suplemento alimentar popular que "traz a beleza de dentro para fora", com inúmeras recomendações incríveis. Postagens recentes nas redes sociais têm conscientizado as pessoas dos benefícios da clorofila ao estimular a saúde da pele.

‌‌Há diferentes tipos de clorofila? 

A clorofila pode ser hidrossolúvel ou lipossolúvel. A clorofila natural nas plantas verdes é lipossolúvel. Porém, a maior parte dos produtos de clorofila que encontramos em lojas de artigos de saúde contém clorofila hidrossolúvel. Como a clorofila hidrossolúvel não é tão bem absorvida pelo trato gastrointestinal quanto a forma lipossolúvel, seu uso tem se concentrado na melhora da saúde intestinal e no estímulo da detoxificação. 

A estrutura básica da clorofila se assemelha à estrutura da molécula heme na hemoglobina, proteína que transporta o oxigênio em nossos glóbulos vermelhos. O átomo central na clorofila é o magnésio, enquanto o ferro assume essa função no heme. 

A diferença química entre as formas lipo e hidrossolúvel da clorofila é que, na forma lipossolúvel (solúvel em gordura), há uma longa cadeia de moléculas de carbono ligadas à clorofila, tornando-a insolúvel em água. Para torná-la hidrossolúvel (solúvel em água), a longa cadeia de carbonos é simplesmente separada do anel principal da clorofila e convertida em um sal, formando uma clorofilina, como a clorofilina magnésica de sódio ou a clorofilina cúprica de sódio. 

‌‌Para que a clorofila é utilizada?

Propriedades detoxificantes

A clorofila hidrossolúvel (clorofilina) exerce alguns efeitos benéficos, a maioria dos quais ocorre dentro do trato gastrointestinal, uma vez que ela não tem uma boa absorção.1 Há uma frase popular relacionada aos benefícios da clorofila e dos alimentos verdes: "Quando estamos verdes por dentro, estamos limpos por dentro".

Utiliza-se a clorofila frequentemente para ajudar a controlar odores corporais, fecais e urinários. Ela também pode ajudar a reduzir o odor relacionado à halitose (mau hálito). Tal efeito benéfico se deve sobretudo às propriedades de limpeza interna e adstringentes da clorofila (a capacidade de atrair água). Ela também pode influenciar o microbioma positivamente e reduzir a formação de compostos odoríferos. Em pessoas com constipação, a clorofila estimula a regularidade.2,3

Propriedades antioxidantes

Em estudos experimentais, a clorofila hidrossolúvel também demonstrou uma variedade de medidas antioxidantes e protetivas.1,4,5 A clorofila hidrossolúvel também pode ajudar a melhorar a produção de glóbulos brancos quando há algum problema nesse processo. Em um estudo, 105 pacientes com baixa contagem de glóbulos brancos em decorrência de diversos fatores foram divididos aleatoriamente em três grupos: 

A. Comprimidos de clorofilina com dosagem de 40 mg, três vezes ao dia. 

B. Comprimidos de filgrastim (também conhecido como Neupogen ou Leucogen) com dosagem de 20 mg, três vezes ao dia.

C. Comprimidos de placebo (vitamina C) com dosagem de 100 mg, três vezes ao dia. 

Todos os participantes receberam tratamento por um mês. A alteração na contagem de glóbulos brancos mostrou que os pacientes tratados com clorofila hidrossolúvel apresentaram um aumento significativo nesse valor. O tratamento demonstrou ser notavelmente eficaz em 34 casos, eficaz em 17 e ineficaz em 9. A taxa total de eficácia ficou em 85%, valor significativamente maior que o verificado com o placebo (26,7%) e semelhante ao verificado com o filgrastim (83,3%). Nenhuma reação adversa foi detectada após o tratamento com clorofilina.6

O filgrastim é produzido por um organismo geneticamente modificado para imitar um componente no corpo, o fator estimulador de colônias granulocitárias (G-CSF), que promove a formação de glóbulos brancos. Aparentemente, a clorofilina gera um resultado semelhante, embora seu mecanismo de ação ainda seja desconhecido. Isso sugere que a clorofila hidrossolúvel deva ser estudada mais aprofundadamente, considerando seu custo bem mais baixo, sua maior segurança e a ausência de efeitos colaterais. O filgrastim está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde. Algum dia, pode ser que a clorofila venha a fazer parte dessa lista.

Benefícios para a pele

Com base em várias recomendações positivas, a clorofila se tornou um suplemento alimentar popular que "traz a beleza de dentro para fora". Ela pode ser indiretamente útil ao promover a limpeza intestinal, mas também pode ter alguns efeitos diretos sobre a pele. Preparações tópicas de um gel contendo clorofilina cúprica de sódio deram resultados clínicos positivos em estudos-piloto com pessoas cuja pele tem tendência a acne e poros dilatados, pessoas com rosácea e vermelhidão facial, bem como mulheres com pele do rosto fotodanificada.7-9 Estudos clínicos ainda não determinaram se a ingestão de clorofila produz benefícios semelhantes, mas isso é certamente possível.

‌‌‌‌Qual é a dosagem típica de clorofila?

A clorofila hidrossolúvel está disponível em forma líquida e forma sólida (cápsulas e comprimidos). A dosagem típica é de 100 mg de clorofilina, de uma a três vezes ao dia. 

Não se conhecem efeitos colaterais ou reações adversas ao medicamento. Trata-se de um pigmento forte e, portanto, a língua pode ficar muito escura ao beber preparações líquidas. O consumo de clorofila hidrossolúvel também pode deixar as fezes bem escuras.

Referências:

  1. Solymosi K, Mysliwa-Kurdziel B. Chlorophylls and their Derivatives Used in Food Industry and Medicine. Mini Rev Med Chem. 2017;17(13):1194-1222.
  2. Young RW, Beregi JS Jr. Use of chlorophyllin in the care of geriatric patients. J Am Geriatr Soc. 1980; 28:46-47.
  3. Nahata MC, Sleccsak CA, and Kamp J. Effect of chlorophyllin on urinary odor in incontinent geriatric patients. Drug Intel Clin Pharm 1983;17:732–34.
  4. Sarkar D, Sharma A, Talukder G. Chlorophyll and chlorophyllin as modifiers of genotoxic effects. Mutat Res. 1994 Dec;318(3):239-47. 
  5. Nagini S, Palitti F, Natarajan AT. Chemopreventive potential of chlorophyllin: a review of the mechanisms of action and molecular targets. Nutr Cancer. 2015;67(2):203-11. 
  6. Gao F, Hu XF. Analysis of the therapeutic effect of sodium copper chlorophyllin tablet in treating 60 cases of leukopenia. Chin J Integr Med. 2005 Dec;11(4):279-82
  7. Stephens TJ, McCook JP, Herndon JH Jr. Pilot Study of Topical Copper Chlorophyllin Complex in Subjects With Facial Acne and Large Pores. J Drugs Dermatol. 2015 Jun;14(6):589-92.
  8. Vasily DB. Topical Treatment With Liposomal Sodium Copper Chlorophyllin Complex in Subjects With Facial Redness and Erythematotelangiectatic Rosacea: Case Studies. J Drugs Dermatol. 2015 Oct;14(10):1157-9
  9. Sigler ML, Stephens TJ. Assessment of the safety and efficacy of topical copper chlorophyllin in women with photodamaged facial skin. J Drugs Dermatol. 2015 Apr;14(4):401-4.